PAI ABRAÃO


3º TEXTO DA SÉRIE O “EVANGELHO” DE PAULO – ROMANOS

PAI ABRAÃO
por João Marcos Bezerra - jmarcoscb@gmail.com
Texto base: Romanos 4.1-5

Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei. (Romanos 3.28)

Quem conhece aquela música: “Pai Abraão tem muitos filhos. Muitos filhos ele têm. Eu sou um deles, você também. Louvemos ao Senhor!”? É uma música cristã que une a mensagem de que somos filhos na fé de Abraão com uma dinâmica de movimento (“braço direito!” - hehehe). Gosto de lembrar a brincadeira!
O capítulo 3 de Romanos termina com a declaração de que o “homem é justificado pela fé sem as obras da lei”. E o capítulo 4 começa comprovando esta afirmação através do exemplo de Abraão (sempre digito primeiro Abração pra depois acertar o nome Abraão – rsrsrs). O propósito disso era combater a doutrina da justificação pelas obras, pelo cumprimento da lei, e colocar o mérito da salvação em Deus, onde o salvo deposita a sua fé em Cristo.
A partir de Gênesis 11.27 vemos a trajetória de Abraão para se tornar o pai de uma grande nação, o amigo de Deus e um exemplo de confiança na promessa divina. Ele saiu com seu pai, sobrinho e esposa de Ur dos caldeus para à terra de Canaã. No meio do caminho ele e sua família ficaram em Harã até o momento em que Deus disse: “Saia da sua terra, do meio dos seus parentes e da casa de seu pai, e vá para a terra que eu lhe mostrarei” (12.1). E Abraão foi!
Em Gênesis 15.4,5 vemos a promessa de Deus a este homem de que a descendência deste seria como as estrelas dos céus. É importante lembrar que Abraão, na época ainda Abrão, não tinha filho e sua esposa Sara, na época ainda Sarai, era estéril. Imagine como é receber a promessa de algo “impossível” (só aos olhos humanos). Como uma mulher que não poderia ter filho e ainda mais sendo idosa poderia ser a mãe de uma grande nação? Você acreditaria?! Difícil de acreditar, mas o amigo de Deus creu na promessa e viu que ela se cumpriria quando nascera, de Sara, o seu filho Isaque. Por isso, Paulo usa o exemplo dele para falar da justificação pela fé e não por obras da lei.
Os religiosos da época do apóstolo acreditavam que a prática dos rituais da lei, religiosos, garantiria que eles fossem considerados justos por Deus, isto é, criam que seriam salvos por obras. A vida deles, no coração e na mente, de forma oculta, nem sempre era fiel à religião. Mesmo assim pensavam que os ritos da lei os colocariam numa posição privilegiada na eternidade. Daí, Paulo lembra que o pai Abraão foi justificado antes da circuncisão (prática muito importante da lei), que só veio pelo menos 14 anos depois de Gênesis 15.6 – “creu ele no Senhor, e imputou-lhe isto por justiça” (SHEDD).
A palavra imputar (Gn 15.6, Rm 4.3), do grego logizomai, significa “computar, fazer um cálculo, passar para a conta de alguém, considerar, levar em conta”. Quer dizer que Deus perdoa os pecados (Rm 4.6-8). Em Romanos 4 “a justiça é associada com imputação 11 vezes” (SHEDD), ou seja, Abraão foi considerado justo por meio da fé que depositou em Deus quando este lhe fez a promessa de ser pai de uma grande nação e não pela circuncisão que representa a lei. Mesmo quando tudo apontava para a impossibilidade disto acontecer Abraão creu. Com isso, o Senhor atribuiu a justiça ao Seu amigo.
“Ok! Deixa ver se entendi: somos salvos pela graça de Deus, por meio da fé em Cristo. Não é por obras, para que ninguém se glorie (Ef 2.8,9). Então, isso me desobriga a ter obras?”. De jeito nenhum! “Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma” (Tg 2.17). As obras mostram e provam a nossa fé em Deus. É necessário tê-las para mostrar que cremos no Senhor. Além disso, o próprio pai de uma grande nação (Rm 4.17) mostrou a sua crença quando obedeceu e fez o que lhe foi mandado: “Pela fé Abraão, quando chamado, obedeceu e dirigiu-se a um lugar que mais tarde receberia como herança, embora não soubesse para onde estava indo” (Hb 11.8).

Não foi Abraão, nosso antepassado, justificado por obras, quando ofereceu seu filho Isaque sobre o altar? Você pode ver que tanto a fé como as suas obras estavam atuando juntas, e a fé foi aperfeiçoada pelas obras. Cumpriu-se assim a Escritura que diz: “Abraão creu em Deus, e isso lhe foi creditado [imputado] como justiça”, e ele foi chamado amigo de Deus. (Tg 2.21-23)

“A fé foi aperfeiçoada pelas obras”. Você demonstra a sua fé por meio da obediência a Deus. Ajudar o pobre, vestir o nu, honrar e respeitar os pais, amar o próximo, amar o inimigo, tolerar o irmão, viver em comunhão com a igreja e fazer o bem a quem quer que seja são algumas formas de mostrar as pessoas em quem você crê. Todavia, não é por meio dessas práticas que você se torna justo diante do Senhor, ou seja, não é por aquilo que você pratica que se é justificado, que alcança a salvação. Como vemos em Romanos 3 a vida eterna nos é garantida por meio da nossa fé em Jesus. As ações refletem a nova vida em Cristo.
A minha oração é que qualquer atitude nossa seja uma amostra grátis da nossa crença do Cristo ressurreto, que é a verdade, a vida e o único caminho para ir até Deus. Por isso, reveja as suas atitudes, análise o seu comportamento, e veja se refletem uma vida de fé no Redentor porque “Sem fé é impossível agradar a Deus” (Hb 11.6) e sem obras, a fé é morta (Tg 2.17). Amarre a fé e as obras para que sempre andem juntas na sua vida, como o pai Abraão fez, e mostre que Jesus é seu justificador, seu salvador. Deus abençoe!

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