VAMOS BRINCAR DE ‘SIGA O MESTRE’?

por João Marcos Bezerra – jmarcoscb@gmail.com
Baseado nos Dias 1 e 2 da Semana 1 do livro ‘A Liderança de Jesus’ de C. Genes Wilkes
Txt base: Fp 2.5-11

Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus… (Fp 2.5 NVI)

Quantos na infância já brincaram de ‘Siga o Mestre’ ou 'O Mestre mandou'? “O que o mestre fizer, eu farei!” era a introdução da brincadeira. Lembro que fazíamos cada “marmota” para ver os outros imitando (rsrsrs). O apóstolo Paulo nos convoca a imitarmos o verdadeiro mestre, Jesus, diversas vezes: “Sede meus imitadores, como também eu de Cristo.” (1Co 11.1); “Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados” (Ef 5.1); e “Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus” (Fp 2.5). No nosso texto base para que Paulo nos convoca a ter a mesma atitude de Jesus?
O capítulo 2 de Filipenses o apóstolo convoca os irmãos a desenvolverem a unidade no corpo: “…tendo o mesmo modo de pensar, o mesmo amor, um só espírito e uma só atitude. Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmos.” (vs.2,3). Este é o foco do capítulo, dando Jesus como exemplo a ser seguido, pois “embora sendo Deus… esvaziou-se a sim mesmo, vindo a ser servo”. E nesta atitude do Senhor é dado o modelo de liderança ideal que devemos seguir e imitar.
Antes de seguir é importante dizer que Cristo não abriu mão da Sua divindade e Seus atributos, pois o próprio texto deixa claro que ele abriu mão da forma (do grego morphe) que quer dizer “a forma pela qual uma pessoa ou coisa é percebida pela visão, aparência externa” (STRONG), ou seja, Ele não veio a terra com a aparência, corpo, divino, e sim em semelhança de homem (v.7). A visão de Cristo em corpo glorificado ocorreu na transfiguração (Mt 17.1-9).
Agora vamos direto ao assunto! Assim como já vimos a brincadeira de ‘Siga o Mestre’ e que Paulo nos convoca a esta “brincadeira” (rsrsrs), Jesus também nos manda a fazer discípulos (Mt 28.19,20). Nisto, além de ser o modelo que devemos imitar, Ele nos ordena a também sermos “mestres” de alguém por meio do discipulado e passar a ser exemplo de liderança a ser seguido. “Mas, João, eu não sou líder!”. Independentemente, se você acredita que é um líder ou não, você foi convocado a imitar o Mestre também neste quesito, no intuito de também manter a unidade na igreja. Com isso, vamos aprender alguns princípios importantes neste texto base para aplicar em nossa liderança.

1. O apóstolo nos convoca a renunciar os nossos direitos (v.6)
Jesus era Deus (Jo 1.1,14) e deixou a glória do Pai para habitar em nosso meio em carne, como um ser humano. O Senhor não teve “como usurpação o ser igual a Deus”, ou seja, Ele não teve a Sua forma divina como “algo para ser apanhado ou para ser agarrado firme, retido” (harpagmos – STRONG). Ele abriu mão disso para ser uma pessoa como nós. Melhor ainda, para ser um doulos, isto é, um “escravo, homem de condição servil, servo” (STRONG). Então, se Jesus, que era quem era, o próprio Deus, renunciou o Seu direito para se tornar um ser humano, por que não abrimos mão dos nossos para servir as pessoas?
Quantos de nós não queremos discipular ou assumir uma liderança na igreja porque não queremos deixar algo que seja “prioritário” ou “mais importante”? Ou quantos desistiram de assumir algum papel deste porque sentiu que os seus direitos como pessoa não eram respeitados e com isso não quiseram mais esta função no reino? Ou quantos não são bons pais, bons professores, bons gerentes e gestores porque tomam proveito do “poder” da função para se beneficiar com a posição? Isto tudo é uma distorção do que Jesus quer para nós. Paulo nos convoca a ter o mesmo sentimento do Mestre, que nos deu o exemplo de renuncia. Então, devemos renunciar os nossos direitos para sermos bons líderes. 

2. Também somos chamados a nos esvaziar de quem somos (v.7)
Seguindo a mesma lógica anterior, Jesus se esvaziou de si mesmo. O termo grego kenoo significa tornar vazio, sem efeito, de Cristo que abriu mão da forma de Deus (STRONG). Esse autoesvaziamento do Mestre o levou a abrir mão do Seu lugar junto a Deus, assumir a forma de servo (já explicamos o que isso significa) e ser obediente até à morte na cruz (v.8). “Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos” (Jo 15.13).
Assim como Jesus se esvaziou, nós devemos tornar sem efeito quem nós somos. Devemos assumir a nossa posição de escravo, considerar os outros superiores a nós mesmos (Fp 2.3) e servi-los em nossa liderança. Dedicar tempo, estudar junto, estar disponível, suprir as necessidades, alimentar o espírito e preparar para ser um líder são atos necessários de um líder cristão e que se esvazia dos seus desejos, vontades e prioridades. Assim como Cristo fez, devemos fazer em nossas igrejas assumindo a liderança de alguma área, sermos discipuladores de alguém, sermos bons maridos e bons pais em nossas famílias. 

3. Devemos ser submissos a Deus e esperar que Ele nos exalte (vs.8-11)
Jesus foi conduzido a mais alta posição e poder (do grego huperupsoo – STRONG) pelo próprio Pai como consequência da humilhação. De forma que foi escolha de Deus que todo joelho se dobrasse diante do Filho e toda língua confessasse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai (vs.10,11). “A exaltação é uma escolha de Deus, não nossa” (WILKES). Com isso, o líder cristão não deve esperar que outras pessoas os louve ou engrandeça, pois Cristo não fez isso, pelo contrário, Ele se humilhou e se submeteu ao Pai.
Então, se não assumimos a liderança porque as pessoas não reconhecem o trabalho que fazemos, ou quando queremos que os nossos liderados ou as pessoas que nos conhecessem e de certa forma estão envolvidos com a nossa liderança nos exalte além da medida ou nos exalte orgulhosamente, estamos agindo com orgulho e soberba. Isto é condenado por Deus. “‘Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes’… Humilhem-se diante do Senhor, e ele os exaltará” (Tg 4.6,10).
Devemos buscar repassar o que o Senhor nos ensina por amor e não “por ambição egoísta ou por vaidade” e considerar “os outros superiores” a nós mesmos (Fp 2.3). Porque Jesus fez tudo isso por nós. Se Ele não tivesse feito isto, não estaríamos aqui louvando a Ele. E Paulo nos convoca justamente a ter o mesmo sentimento que Cristo e esperar que a nossa exaltação venha do Pai e não dos homens. 

Com isso, diante da chamada do apóstolo, devemos primeiro entender que devemos imitar ao Senhor na forma de pensar e sentir, renunciando aos nossos direitos, colocando-nos como escravos de Deus servindo aos outros e esperando que a nossa exaltação venha do Pai. Desta forma, exerceremos a liderança no Reino e seremos discipuladores sem medo de que nossos direitos sejam violados, que as pessoas nos humilhem ou que não sejamos reconhecidos, pois tudo isso o Pai assegura ao nos dar o direito de filhos e herdeiros Dele (Rm 8.17). Que Deus nos anime a seguir e imitar a Jesus e também a tomar a postura de um líder como Ele! Amém!

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