UMA IGREJA QUE PASTOREIA SEUS PASTORES
A carta de 1 Tessalonicenses foi escrita pelo apóstolo Paulo para um grupo de cristãos recém convertidos composta por judeus, gregos piedosos e mulheres nobres. Era uma igreja que ele havia plantado durante sua segunda viagem missionária. Em Atos 17.1-9 é possível perceber que estes irmãos foram perseguidos por causa da fé desde o início. Por isso, Paulo escreve para encorajá-los (1 Tessalonicenses 1-3), corrigir alguns entendimentos equivocados sobre a volta de Cristo (4.13-18) e instruí-los sobre a vida cristã (4-5).
Nos versículos 12 e 13 do capítulo 5, Paulo faz uma exortação importante sobre a relação entre a igreja e seus líderes espirituais. Ele destaca que os pastores devem ser reconhecidos, honrados e tratados com amor por causa do trabalho que realizam. Estes versos fazem parte de uma seção com vários conselhos àquela igreja. Além de respeitar e amar os líderes espirituais, a igreja deveria viver em paz, estar sempre alegre, orar sempre, ser agradecida, não atrapalhar o Espírito Santo, examinar tudo e reter o que é bom (vs.12-22).
Pela passagem do Dia do Pastor, somos convidados a refletir sobre a nossa forma de pastorear nossos pastores, com base em 1 Tessalonicenses 5.12-13 e outros textos.
O pastor, à luz das Escrituras, é um dom ministerial dado por Deus à igreja, isto é, para servir à igreja (Efésios 4.11). Sua missão é apascentar o rebanho, ensinar a sã doutrina, liderar com humildade e servir com dedicação, sem ganância e dominação, sendo exemplo dos fiéis (1 Pedro 5.2-3). No entanto, apesar de sua responsabilidade de cuidar do povo de Deus, o pastor também precisa ser honrado, amado e cuidado pela igreja.
O primeiro passo para que uma igreja cuide bem de seus pastores é conhecer o tipo de liderança que Deus deseja. Em 1 Tessalonicenses 5.12, Paulo descreve os pastores como aqueles que: trabalham arduamente entre o povo, lideram no Senhor, guiam e ensinam os irmãos e irmãs. Também é importante lembrar que em 1 Timóteo 3.1-7, Paulo apresenta as qualidades essenciais de um pastor. Ser: irrepreensível; moderado, prudente e simples, hospitaleiro, capaz de ensinar, pacífico e calmo, bom marido e pai, não beberrão e nem avarento e ter boa reputação dentro e fora da igreja.
Paulo não recomenda honra, amor e cuidado a qualquer líder espiritual, mas a um pastor com estas qualidades, pois um líder com este perfil é digno de confiança e deve ser valorizado pela comunidade onde serve. É importante reforçar isto porque, infelizmente, muitos têm se colocado nas igrejas como ungidos intocáveis, a quem ninguém pode repreender. Com isso, acreditam que estão livres para fazer o que querem. Em nenhum momento na Bíblia os presbíteros são colocados como alguém de superior importância ou posição de poder na igreja, mas como servos humildes de Deus dispostos a guiar o povo do Senhor.
O segundo passo para que uma igreja cuide dos seus pastores é honrar seus líderes.
Mas o que significa honrar?
O verbo grego usado neste verso para reconhecer, também traduzido em algumas versões como honrar (eidénai) significa mais do que reconhecer, saber quem são os líderes; significa valorizar, perceber com clareza e dar atenção respeitosa àqueles que lideram espiritualmente. Reconhecer, portanto, é ver com os olhos certos e não tratar com indiferença aqueles que são instrumentos de Deus para edificação do corpo de Cristo.
Ter em alta estima é considerar valioso, e o ‘fazer isso com amor’ está relacionado a uma atitude afetiva, cuidadosa e voluntária. Esse tipo de consideração ultrapassa palavras, “tapinhas nas costas” ou “chuvas de ideias”, manifesta-se em: encorajamento, gratidão, generosidade, oração e prontidão para servir na igreja junto com os líderes.
Além disso, os pastores são humanos. Cada um têm esposa, filhos, cansaço, lutas internas e necessidades emocionais. As famílias pastorais muitas vezes são esquecidas, enfrentam solidão, cobrança excessiva e pouco apoio. As esposas são tratadas e cobradas como pastoras e muitas nem este chamado possuem. Os filhos sofrem cobranças de comportamento além do que cobram de outras crianças e adolescentes cristãos. Por isso, o terceiro passo para uma igreja cuidar dos seus pastores é cuidar da família de cada um deles.
Em 2 Coríntios 7.6-7 o apóstolo falou do consolo que recebeu através de Tito. Ele foi animado não somente com as notícias, mas com a informação de que os irmãos tinham saudades dele, a tristeza que sentiam pela situação de Paulo e que estavam prontos para defende-lo. Isto o deixou feliz e mostra para nós atualmente como os líderes também precisam de apoio emocional.
A minha oração é que sejamos uma igreja que cuida dos seus líderes. Uma comunidade que não nos trate como um utensílio que pode ser descartado quando não servir mais, mas que ame, honre e cuide dos seus pastores, para que o nosso ministério seja uma alegria e não um peso (Hebreus 13.17), em nome de Jesus. Amém!
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