SOMOS INFELIZES

 por João Marcos Bezerra – @joaomarcosbezerra.pr

 

Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens. (1 Coríntios 15.19)

 


Em 2020 este texto veio muito a memória, pois me fazia lembrar que, diante das dificuldades e risco de morte, a nossa esperança deveria estar em Cristo e para além desta vida. É interessante que este texto foi escrito pelo apóstolo Paulo em um contexto em que havia dúvidas sobre a ressurreição dos mortos. Por isso, ele questiona: “se o que se prega é que Cristo ressuscitou dentre os mortos, como alguns de vocês afirmam que não há ressurreição de mortos?” (1Co 15.12).

Na igreja da cidade grega de Corinto havia alguns irmãos que sofreram influência da filosofia grega que, apesar de acreditarem na imortalidade da alma, não aceitavam a ressurreição do corpo. Estes irmãos até acreditavam na ressurreição de Cristo, mas tinham dificuldades de compreender a ressurreição dos cristãos. Para eles, o corpo era considerado a moradia do pecado e o ponto fraco do ser humano. Por isso, a morte era vista como a libertação da alma do corpo. Já a ressurreição não era bem-vista porque representava “outra descida da alma à sepultura do corpo”[1].

Também existiam alguns judeus, na igreja de Corinto, convertidos a fé em Jesus Cristo, que foram influenciados pelos saduceus (grupo de sacerdotes que não acreditavam na ressurreição) e até aceitavam o Cristo ressurreto, mas também tinham dificuldades de compreender a ressurreição dos cristãos. O detalhe é que o Antigo Testamento ensina sobre a ressurreição (Sl 16.8-11, 17.15) e os saduceus eram estudiosos das Escrituras.[2]

Desta forma, o apóstolo apresenta o argumento sobre o assunto em 1 Coríntios 15 e defende que se não há ressurreição, Cristo não ressuscitou e a fé Nele é vã e o cristão continua preso ao pecado e condenado a uma vida sem esperança. Isto porque, Jesus também falou sobre a ressurreição dos mortos e prometeu que:

1.     “Os que tiverem feito o bem, [sairão dos túmulos] para a ressurreição da vida” (Jo 5.29). Lembrando que Paulo reforçou que a salvação é pela fé, mas as obras demonstram que somos cristãos (Efésios);

2.     Aqueles que o Pai enviar ao Filho serão ressuscitados no último dia (6.44);

3.     “Quem crê [no Filho], ainda que morra, viverá” (11.25);

4.     Assim como Ele vive, nós também viveremos (14.19);

5.     Deus “enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram” (Ap 21.4).

De forma prática para nós, alguns cristãos em Corinto permitiram que a influência da filosofia grega e dos saduceus limitassem a fé deles em Jesus. O que está colocando a nossa esperança em Cristo somente para a vida terrena? O materialismo que nos leva ao fascínio pela riqueza? O hedonismo que coloca o nosso prazer como prioridade até na busca por Deus, pois O adoro porque me sinto bem? A angústia ou perseguição que nos leva a buscar caminhos, livramentos e soluções por conta própria? O que está impedindo de olharmos para além desta vida e termos a firme convicção que um dia iremos para o Novo Céu e Nova Terra? A esperança em Cristo para além desta vida permite que nós tenhamos a alegria e completa confiança em nossa salvação eterna.

A minha oração é que, apesar das tentações, lutas e dificuldades que tenhamos aqui, não devemos ficar “ansiosos com coisa alguma, mas, em tudo, sejam conhecidos diante de Deus os [nossos] pedidos, pela oração e pela súplica, com ações de graças. E a paz de Deus, que excede todo entendimento, guardará o [nosso] coração e a mente em Cristo Jesus” (Fp 4.6,7). Amém!

 

 



[1] Comentário Bíblico Moody, 1 Coríntios, p. 70.

[2] Bíblia de Estudo MacArthur. Barueri, SP: SBB, 2010, p. 1553.

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