SEM CENSURA

Por João Marcos Bezerra – jmarcoscb@gmail.com

Texto base: 1Tm 3.1-13 / Tito 1.5-9

 

1 Esta é uma afirmação digna de confiança: se alguém deseja ser bispo, excelente obra almeja. 2 Portanto, o bispo deve ter uma vida irrepreensível, que ninguém possa culpar de nada. Deve ser marido de uma só mulher, ter autocontrole, viver sabiamente e ter boa reputação. Deve estar disposto a hospedar pessoas na sua casa e ser apto para ensinar. 3 Não deve ser chegado ao vinho, nem violento, mas sim amável, inimigo de conflitos e não amante do dinheiro. 4 Deve governar bem a própria casa, criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito. 5 Pois, se alguém não é capaz de liderar a própria família, como poderá cuidar da igreja de Deus? 6 Que o bispo não seja recém-convertido, para não acontecer que fique cheio de orgulho e o diabo o faça cair. 7 É preciso que o bispo seja respeitado pelos de fora da Igreja, para que não seja envergonhado nem caia na armadilha do diabo.

- 1 Timóteo 3:1-7 -

 

Quando lemos estes versos podemos observar que não é uma lista de talentos, onde há a necessidade de um estudo técnico especializado. Com exceção de “apto para ensinar”, (v.2) que pode ser desenvolvido com estudo e treinamento, todas as demais qualidades estão relacionadas em como a pessoa deve ser, ligadas ao caráter. São algumas delas: irrepreensível, marido de uma só mulher, moderado, não beberrão, não violento, não amante do dinheiro e tenha os filhos sob disciplina. Alguns estudiosos alegam que todas as características listadas em 1 Timóteo 3 e Tito 1 podem ser resumidas por uma só palavra: irrepreensível.

Normalmente usamos estes versos para descrever um conjunto de qualificações dos pastores que Timóteo deveria formar na igreja em Éfeso e para os líderes que exercem esta tarefa atualmente. Não é à toa porque o livro de I Timóteo foi enviado por Paulo, apóstolo de Cristo, a Timóteo (1.1), seu verdadeiro filho na fé, para que “advertisse certas pessoas de que não ensinassem doutrinas falsas” e que não perdessem tempo com discussões inúteis que não ajudavam no serviço de Deus (1.3,4). Então, existia a preocupação com o caráter da liderança que deveria alcançar este objetivo.

Ao lermos o capítulo 1 deste livro é possível perceber que existiam algumas pessoas em Éfeso que ensinavam doutrinas que não eram iguais a dos apóstolos de Cristo, que tentavam desviar os irmãos da fé. Jesus acusou aquela igreja justamente de ter abandonado a prática das primeiras obras – o primeiro amor – no livro de Apocalipse, escrito pelo apóstolo João (Ap 2.4). E, infelizmente, atualmente vemos muitos pregadores que esquecem o primeiro amor e ensinam um evangelho falso.

Já quando lemos 1 Timóteo 2, podemos observar que Paulo muda o foco do problema para uma orientação positiva. A primeira coisa necessária para aquela comunidade era a prática de petição, oração, conversa e atos de gratidão a Deus (v.1). Precisavam estar conectados ao Senhor para repreender os falsos pregadores, orientar os irmãos na fé e para se manterem irrepreensível. Sem estas qualidades não teriam a moral para guiar a igreja.

É comum acreditar que as características descritas em 1 Timóteo 3 e Tito 1 são exclusivas dos líderes/pastores da igreja por conta do termo “o bispo deve ter”. Todavia, este é um chamado a todos os cristãos. Sabe porquê?! Porque, antes de alguém ser qualificado para o ministério pastoral, precisa ser primeiro irrepreensível com todos os outros atributos acompanhados. Em 1 Timóteo mesmo encontramos Paulo instruindo os homens a orarem “em todos os lugares, levantando mãos santas, sem ira e sem discussões” (2.8), os irmãos a cuidarem dos seus familiares “para que sejam irrepreensíveis” (5.7). Ou seja, são características que servem para a escolha dos líderes. Não devem ser desenvolvidas com a liderança. Devem vir antes, são pré-requisitos.

Ao ler Gálatas 5.17-26 e Colossenses 3.5-14 reforçamos que as qualidades “pastorais” valem para todos, pois a nova criatura em Cristo se enche de amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio e se reveste de compaixão, humildade e perdão. Tudo isto forma um caráter irrepreensível, que não pode ser repreendido e nem censurável, onde só se encontra acusações por meio de mentiras e testemunhas falsas; assim como Jesus em sua condenação à cruz (Jo 18.19-24) foi falsamente acusado.

Aqueles que ensinavam outras doutrinas e se ocupavam com fábulas e genealogias sem fim não eram irrepreensíveis. Por isso, Paulo colocou esta qualidade acompanhada com todas as demais como algo necessário aos líderes da igreja. Como o pastor e o diácono podem repreender ou orientar se eles não forem pessoas não censuráveis?

Infelizmente, se levássemos à risca esta lista de atributos, muitos não poderiam ser líderes na igreja atualmente. Pessoas violentas, beberronas, traidoras, arrogantes e amantes do dinheiro são realidades em nosso meio. Isto é muito triste! Quem ensina que a Bíblia deve ser atualizada para acolher as pessoas, que só precisa aceitar o amor de Deus para ter os pecados perdoados e que divide igrejas desviou primeiro o seu caráter das qualidades necessárias ao ministério. Tornou-se repreensível!

O apóstolo conclui esta parte da carta afirmando que, caso ele não conseguisse ensinar Timóteo pessoalmente, este saberia como “se deve proceder na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, coluna e fundamento da verdade” (v.15). Como se deve proceder, então? Sendo alguém que ninguém possa culpar de nada, moderado, não chegado ao vinho, nem violento, não avarento etc. Além disso, ainda completou que o mistério da piedade esta “Naquele que foi manifestado na carne, justificado em espírito, visto pelos anjos, pregado entre os gentios, crido no mundo, recebido na glória” (v.16) – que é Jesus!


Desta forma, aprendemos que todo crente, principalmente os líderes, deve ter um caráter sem censura para poder saber como se comportar diante das pessoas e também para ter a moral de repreender aqueles que distorcem o Evangelho de Jesus. E que também devemos sempre ensinar que Cristo se tornou um ser humano, foi ressuscitado por Deus e levado para a glória, reina sobre todos os governos celestiais, autoridades, forças e poderes, é anunciado entre as nações e aceito com fé por muitos no mundo inteiro (junção de 1Timóteo 3.16 e Efésios 1.21 NTLH). A Este servirmos e por Ele devemos viver e liderar como Ele deseja. Amém!

 

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