ABUNDANTE COMO A LUZ DO SOL

por João Marcos Bezerra – jmarcoscb@gmail.com
Texto base: Romanos 5.12-21

A lei foi introduzida para que a transgressão fosse ressaltada. Mas onde [abundou] o pecado, [superabundou] a graça, a fim de que, assim como o pecado reino na morte, também a graça reine pela justiça para conceder vida eterna, mediante Jesus Cristo, nosso Senhor. (Rm 5.20,21 NVI com destaque ARA)

Como destacado várias vezes em estudos anteriores, a carta do apóstolo Paulo a igreja em Roma foi escrita para apresentar a mensagem do apóstolo aos romanos. Já que ele não conhecia a igreja pessoalmente. Seria um tipo de carta de apresentação de Paulo aos irmãos romanos para que estes conhecessem quem era este apóstolo que pregava no meio dos não judeus, também chamados de gentios.
Esta carta começa com uma apresentação do apóstolo e tem como tema central: o evangelho “é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê”, ou seja, a justiça é pela fé em Cristo (1.16). Daí, ele informa que o homem é depravado, corrompido, pecador por natureza e inimigo de Deus (cap.1); que tanto judeus, como gentios, são culpados diante da justiça divina (cap.2); que “todos pecaram e carecem da glória de Deus” (3.23); que, assim como Abraão foi justificado pela fé, nós também podemos ser (cap.4); e, que a paz é fruto da justiça redentora divina pela fé em Jesus (5.1,2). Este é todo o contexto sintetizado antes do nosso texto base.
Em Romanos 5.12-21 apresenta uma comparação entre dois homens da história humana. Vejo como se Paulo estivesse apresentando dois “lutadores”: ‘Do meu lado esquerdo temos como oponente Adão, o primeiro homem, que ofendeu a Deus ao desobedece-Lo e comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal (Gn 3). Foi a partir disto que o pecado entrou no mundo e “a morte veio a todos os homens, porque todos pecaram” (Rm 5.12)’. Paulo continua apresentando o outro lutador: ‘Do meu lado direito o desafiante, Jesus! Aquele por meio de quem Deus concedeu “a provisão da graça e a dádiva da justiça reinarão” para muitos serem feitos justos (vs.17-19)’. Assim, o apóstolo não só apresenta os dois lutadores como também já anuncia o vencedor (rsrs), encerrando o capítulo com dois versos bem interessantes.
No verso 20 lemos primeiro que “a lei foi introduzida para que a transgressão fosse ressaltada”, querendo dizer que, por causa da lei, o homem se tornou mais consciente do seu pecado. Embora este já existente desde a queda do homem. Isto, fez com que a humanidade percebesse a sua “incapacidade de manter os perfeitos padrões de Deus (7.7), servindo como um guia para leva-los a Cristo”[1].
Outro fato interessante de Romanos 5.20 é a expressão graça (charis em grego). Para os gregos esta palavra era usada para expressar o que estava no coração pelo belo e admirável na natureza, na arquitetura, na poesia etc.. Já sabemos que graça é um presente, uma dádiva, dado a alguém que não merece, sem a intenção de receber algo em troca. Então, juntando o sentimento grego com a definição que conhecemos, percebemos que “a graça de Deus é aquele ato inigualável, maravilhoso e admirável de Sua parte” de tomar a forma humana, em Jesus Cristo, e se sacrificar para conceder favor aos Seus inimigos, nós[2]. Que coisa grandiosa!
Percebemos ainda neste versículo que esta graça, dádiva maravilhosa e admirável, de Deus superabundou. Enquanto, o pecado apenas abundou. Já parou para pensar se entendemos isto da forma adequada?
A palavra abundou (pleonazo em grego) significa “existir em abundância, crescer”. Já o termo superabundou (huperperisseuo) é definida por “abundar além da medida, transbordar” (Bíblia Strong). Quer dizer que, enquanto o pecado cresce, a graça de Deus cresce além da medida até transbordar. Isso faz lembrar que Wuest² relaciona Deus ao sol e a dádiva divina a luz do sol na terra. O sol fornece luz a terra, mas emite uma quantidade muito maior do que o nosso planeta necessita. Ele diz: “nunca precisaremos preocupar-nos pensando que o calor e a luz do sol nos faltarão algum dia”². Assim como existe luz do sol suficiente que nunca faltará, “existe graça suficiente, no coração amoroso de Deus, para salvar”² pecadores. Então, podemos ficar tranquilo em relação a graça divina.
Por fim, o capítulo encerra a analogia, comparação, entre Adão e Jesus afirmando que “superabundou a graça, a fim de que, assim como o pecado reinou na morte, também a graça reine pela justiça para conceder vida eterna, mediante Jesus Cristo, nosso Senhor” (vs.20b,21). Isto quer dizer que não precisamos nos preocupar com o reinado de morte do pecado, pois a dádiva de Deus é muito maior para conceder vida eterna àquele que crer no sacrifício de Cristo. O poder do pecado é muito inferior ao tamanho da graça do Senhor para nos salvar. Então, creia em Jesus. Creia na superabundância da Graça para ser transformado, de um condenado a morte, num justo redimido com direito a passar a eternidade no lar celeste. Amém!


[1] Bíblia de Estudo MacArthur. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2010.
[2] WUEST, Kenneth S. Jóias do Novo Testamento grego. Estudo nº 39.

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