INIMIGOS DE DEUS

1º TEXTO DA SÉRIE O “EVANGELHO” DE PAULO – ROMANOS

INIMIGOS DE DEUS
por João Marcos Bezerra - jmarcoscb@gmail.com
Texto base: Romanos 1.18-32

Tonaram-se cheios de toda sorte de injustiça, maldade, ganância e depravação… [São] inimigos de [que odeia a] Deus… (Romanos 1.29,30)

Paulo escreveu a carta de Romanos a uma igreja que ele não fundou e muito menos conhecia. Não se sabe quem foi seu fundador, mas suspeita-se que a igreja começou com os judeus que moravam em Roma, estavam presentes no episódio de Pentecostes, ouviram a pregação de Pedro sobre Jesus e se converteram. O apóstolo tinha o desejo de ir visitar esta comunidade e sentiu a necessidade de enviar uma carta a ela para declarar qual era a doutrina que ele estava ensinando. É por isso que este livro é considerado o Evangelho de Jesus Cristo segundo o apóstolo Paulo. Ele não tem o propósito de exortar ou revelar falhas da igreja romana, mas apenas mostrar o Jesus que pregava.
O primeiro capítulo revela a justiça de Deus por meio da fé em Jesus Cristo, afirmando que “o justo viverá pela fé” (v.17). Após este verso, ele já emenda afirmando que os ímpios sofrerão a “ira de Deus” e que isto é revelado por meio do abandono, onde o Senhor “retira suas restrições e deixa as pessoas seguirem seus próprios pecados” (MacArthur). Por causa disso, vemos o mundo cheio de injustiça, corrupção, imoralidade, sodomia, maldade, homicídio e violência.
Na origem das coisas, Deus criou os céus e a terra, que era um lugar de caos e desabitada. Tudo era escuridão, e o Espírito de Deus pairava sobre as águas (Gn 1.1 em versão pessoal). A palavra hebraica tohuw é traduzida como ‘sem forma’, mas também pode significar ‘lugar de caos’. Caos, nas mitologias pré-filosóficas, era definido como “vazio obscuro e ilimitado que precede e propicia a geração do mundo; abismo” (Babylon), ou seja, o caos favorecia a criação do mundo. E foi nesse “vazio obscuro e ilimitado”, nesse abismo, nesse nada, que o Criador fez a luz, os céus, os mares, a terra, as diferentes espécies de plantas, o sol, a lua e as estrelas, os diversos animais e o homem. Todavia, este foi criado de forma muito especial e com uma missão nobre.
Como dizem os pregadores mais emotivos, enquanto Deus criou as coisas, plantas e animais com ordens (Disse Deus – Gn 1.3,6,9,11,14,20,24), o homem foi feito pelas mãos do Criador, a imagem e semelhança deste (1.26; 2.7), com toda a perfeição divina, para dominar sobre toda a criação (1.28). Esta criatura é tão especial que Davi escreveu em Salmo 8.5 o seguinte: “Fizeste-o [o homem], no entanto, por um pouco, menor do que Deus e de glória e de honra o coroaste”.
Não havia nada errado na humanidade, que vivia na glória e comunhão do Senhor. Tudo tinha a sua ordem. Tudo estava no seu devido lugar. Tudo era perfeito. A desobediência trouxe o pecado e causou a nossa ruína. A partir daí, fomos expulsos da presença do Criador e passamos a viver a própria sorte (cap. 3). E é justamente isso que o apóstolo Paulo retrata em Romanos 1.18-32. Desde a queda vemos a ira do Senhor sendo revelada “do céu contra toda impiedade e perversão do homem” (v.18).
Alguns perguntam: “se Deus é amor, porque deixa que toda esta maldade e injustiça ocorra no mundo?”. A resposta está no verso 23: porque os homens “trocaram a glória de Deus imortal por imagens feitas segundo a semelhança do homem mortal, bem como de pássaros, quadrúpedes e répteis”. Por causa do pecado, da negação da glória do Senhor, Ele deixou que o homem vivesse as consequências das próprias escolhas, sofrendo a ira do abandono. Então, a destruição de Sodoma e Gomorra, as guerras contra as nações inimigas de Israel, o próprio cativeiro desta nação, a epidemia de peste negra na Europa medieval, a escravidão, a primeira guerra mundial, o holocausto chinês pelos japoneses, e judeu pelos nazistas, antes e durante a segunda guerra mundial, o bombardeio nuclear em Hiroshima e Nagasaki, o vazamento radioativo em Chernobyl e outras catástrofes causadas e sofridas pelo homem foram consequências da escolha de viver distante do Soberano.
Sem Deus, a humanidade caiu na completa depravação, onde a injustiça, corrupção, imoralidade, sodomia, maldade, homicídio e violência passou a reinar sobre nós. O homem preferiu caminhar na busca pelo próprio prazer, mesmo que fosse por meios não naturais. O homo sapiens passou a sofrer com o abandono divino e, em vez de buscar ao Senhor novamente, preferiu criar deuses e entidades para glorificarem. Apesar de tudo isso, Deus não ficou assistindo de camarote a nossa ruína. Ele interviu!
A misericórdia do Senhor, mesmo que Ele tivesse todos os motivos para se afastar completamente de nós, sempre se mostrou por meio da Sua revelação geral, a própria criação, a natureza. Em Atos 14.16,17 Paulo falou aos moradores de Listra, quando ele e Barnabé foram comparados aos deuses romanos Zeus e Hermes por terem curado um paralítico: “No passado Ele permitiu que todas as nações seguissem os seus próprios caminhos. Contudo, não ficou sem testemunho: mostrou sua bondade, dando-lhes chuva do céu e colheitas no tempo certo, concedendo-lhes sustento com fartura e enchendo de alegria os seus corações”. O objetivo dessas palavras era revelar que “o Deus vivo, que fez o céu, a terra, o mar e tudo o que neles há” (v.15) ainda cuidava da humanidade e se mostrava a ela por meio da natureza.
Porém, a maior revelação da ira de Deus não foi e nem é revelada nas catástrofes. Ela já ocorreu na Sua maior demonstração de amor e misericórdia. Foi na morte e crucificação do Seu único filho Jesus Cristo (Jo 3.16), sobre quem o Senhor derramou toda a indignação. Isto é muito doido! Como pode o ápice da ira divina com os pecados ser também o ápice do Seu amor?! As coisas de Deus são loucas demais!
Esse antagonismo sentimental do Senhor se explica primeiro quando Jesus ora “Meu Pai, se for possível, afasta de mim este cálice” (Mt 26.39). Ali Ele estava sentido o completo abandono do Pai porque todos os nossos pecados seriam derramados sobre Cristo na cruz. Nesta cena, Deus derrama sobre o próprio filho todo o castigo divino que todos os pecadores que existiram, existiam e existirão mereciam e merecem receber. Toda a ira de Deus foi derramada completamente no “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29). Jesus sente isso de forma tão forte que diz “Meu Deus, porque me abandonaste?” (Mt 27.46). Isto foi a maior revelação da ira de Deus.
Esse antagonismo sentimental divino também se explica quando vemos o mesmo “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29), o único filho de Deus (Jo 3.16), vir ao mundo para ser o sacrifício perfeito que salvaria toda a humanidade da ira divina, para também reestabelecer a comunhão homem-Deus. Foi o próprio Pai que preparou o único sacrifício suficiente para restaurar a nossa comunhão com Ele. O que havíamos perdido no Éden, a vida eterna, é restaurado por meio da nossa fé em Jesus agora (Rm 5.17). Isto é maravilhoso!!!
Desta forma, ao mesmo tempo em que Deus permitiu que o homem vivesse a própria sorte escravizado pelo pecado, revelou Seu plano de redimir toda a humanidade por meio de Jesus. A partir daí, passamos a ter a escolha de continuar vivendo como inimigos de Deus – escravizado pelo pecado, sujeito a depravação que tanto condenamos, mas muitas vezes vivemos –, ou buscar a salvação, a vida eterna, em Cristo.

Todos nós temos o direito dessa escolha: o mundo com o pecado ou o céu com Jesus. Não tem como escolher os dois: “Vocês não sabem que a amizade do mundo é inimizade contra Deus?” (Tg 4.4). Então, qual é a sua escolha? Tome uma decisão definitiva antes que seja tarde e você passe o resto da vida afastado, odiando a Deus, e ao morrer vá para o tormento eterno. Oro para que prefira ser amigo do Senhor e que Deus abra a sua mente para entender isso. Amém!

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