FILIPE: UM HOMEM, UMA MISSÃO, UMA FAMÍLIA PARA DEUS
por João Marcos Bezerra – jmarcoscb@gmail.com
Texto base: Atos 6.1-7, 8.4-40 e 21.8,9
Este texto é uma parte do capítulo 8 do livro de Atos dos Apóstolos, onde conta o ministério de Filipe em Samaria e no deserto, quando encontrou um funcionário importante da rainha da Etiópia. Todavia, ficam as perguntas: quem foi este homem e o que a vida dele nos ajuda atualmente? O que temos a ver com ele?
ENTÃO, SENTA QUE LÁ VEM A HISTÓRIA!
Jesus nasceu, cresceu, ensinou, curou, expulsou
demônios, formou líderes para a igreja – os apóstolos, morreu, ressuscitou,
passou quarenta dias com os discípulos. Antes de subir avisou: “Vocês receberão
poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas em
toda parte: em Jerusalém, em toda a Judeia, em Samaria e nos lugares mais
distantes da terra” (Atos 1.8).
Os discípulos se reuniram durante a festa conhecida como Pentecostes e receberam o Espírito de Deus para serem testemunhas a começar por Jerusalém. Logo após, Pedro pregou e aproximadamente três mil pessoas aceitaram a mensagem e foram batizadas (Atos 2). Com o crescimento da igreja crescia o número de seguidores, o auxílio entre eles, a comunhão e os problemas também.
Por exemplo, Ananias e Safira viram Barnabé vendendo um campo e doando o dinheiro para os apóstolos aplicarem no auxílio aos irmãos. Foram lá, venderam uma propriedade e fingiram entregar todo o dinheiro arrecadado com a venda, mas era apenas uma parte. Com isso, Pedro perguntou a Ananias: “Vem cá! Antes de você vender a propriedade, ela era sua; e, depois de vender, o dinheiro também era seu? Então por que resolveu fingir que estava doando todo o dinheiro da propriedade? Por que não assumiu que ofertou apenas uma parte? Não teria problema com isso! Mas, você não mentiu para seres humanos – mentiu para Deus!” (Atos 5.4, paráfrase)
Também surgiram alguns problemas sociais. Os irmãos gregos estavam sofrendo discriminação por parte dos judeus. Com isso, os Apóstolos recomendaram a igreja a escolher sete homens de bom testemunho, cheios do Espírito e de sabedoria. Os escolhidos foram denominados de diáconos e tinham a função de distribuir alimentos para as viúvas, sem acepção. E quem estava entre eles? Filipe, o diácono ou o evangelista, e não o apóstolo como alguns confundem.
PRIMEIRAS APLICAÇÕES
Com esta contextualização aprendemos primeiro, que podemos mentir e enganar as pessoas, mas a Deus não. Em Gálatas 6 está escrito:
7Não se enganem: de Deus não se zomba. Pois aquilo que a pessoa semear, isso também colherá. 8Quem semeia para a sua própria carne, da carne colherá corrupção; mas quem semeia para o Espírito, do Espírito colherá vida eterna. (NAA)
Por mais que façamos qualquer coisa muito bem escondidos, o Senhor vê todas as coisas porque Ele é onisciente. “SENHOR, antes das palavras saírem da minha boca, já sabe o que eu vou dizer.” (Salmo 139.4 VFL). Ele conhece o nosso pensamento. Então, não podemos nos esconder Dele. Precisamos ser sinceros com Deus e parar de fingir piedade ou que temos relacionamento com o Senhor. É necessário assumir a nossa pobreza espiritual e nossa relação com o Pai. Com isso, seremos como Filipe e os outros diáconos escolhidos: pessoas cheias de fé e do Espírito Santo.
Quem é cheio do Espírito Santo busca imitar a Deus como filho amado. Vive em amor. Abandona imoralidade e impureza sexual. Não usa palavras indecência, tolas ou sujas, mas diz palavras de gratidão. Não é cobiçoso, pois a cobiça é um tipo de idolatria. Não vive como um ignorante, mas vive como sábio. Afastam-se da embriaguez e buscam se encher do Espírito Santo. Procuram viver na luz com honestidade, bondade e verdade. (Efésios 5)
A HISTÓRIA CONTINUA
Até o momento em que Filipe foi escolhido para servir na Igreja havia uma certa paz. Todavia, outro diácono, chamado Estevão, causou um grande tumulto em Jerusalém porque usava a lei, os profetas e escritos judaicos (o nosso Antigo Testamento) para ensinar sobre Jesus com autoridade. Foi levado ao tribunal judaico e lá os judeus se enfureceram tanto que avançaram contra Estevão, arrastaram ele para fora da cidade e o mataram à pedradas. A partir daí, toda a Igreja foi perseguida pelos judeus e Saulo estava entre os perseguidores.
Com a perseguição, Filipe foi para Samaria e começou a anunciar à Cristo, a libertar os que estavam possessos por demônios e a curar os doentes e deficientes. Com isso, houve grande alegria e uma multidão creu no Senhor e foi batizada. A obra de Deus foi tão expressiva naquela região que os apóstolos Pedro e João foram lá testemunhar e orar para que o Espírito Santo descesse sobre os novos irmãos.
Filipe continuou o seu trabalho em Samaria e Pedro e João retornaram a Jerusalém. Só que Deus tinha outro plano para ele. Um anjo mandou Filipe ao deserto, mais precisamente à estrada que ligava Jerusalém e Gaza. Mas espera aí! O irmão estava fazendo uma grande obra naquela cidade. Muita gente se converteu. Como é que Deus manda este líder abandonar o seu ministério ali para ir ao deserto? O irmão vai fazer o quê naquele lugar? Vai pregar para quem? Será que Deus queria um pregador de beira de estrada?
Observem como é a ação divina: o diácono prontamente atendeu ao chamado e chegando ao deserto encontrou uma carruagem que levava um eunuco etíope, servo da rainha Candace, não judeu convertido ao judaísmo (prosélito), voltando de Jerusalém, onde havia prestado o culto a Deus.
Ao perceber que o eunuco lia as Escrituras, começou um diálogo entre eles:
Filipe: – Olá! Tudo bem? O senhor entende o que lê?
Eunuco: – Rapaz, como posso entender se ninguém me explica. Você pode me ajudar?
Filipe: – É claro que posso!
Eunuco: – Sobe aí! O texto que estou lendo é: “Ele foi levado como ovelha para o matadouro, e como cordeiro mudo diante do tosquiador, ele não abriu a sua boca. Em sua humilhação foi privado de justiça. Quem pode falar dos seus descendentes? Pois a sua vida foi tirada da terra” (Isaías 53.7,8). Por favor, me diga de quem o profeta está falando? Dele mesmo? Ou de outro?
Com esta deixa, Filipe discorreu as Escrituras e anunciou o Evangelho que salva e transforma. O etíope se entregou a Jesus e desejou o batismo: “Olha! Tem água bem ali. O que me impede ser batizado?”
Filipe: – Se você crer nisto de todo o seu coração, nada!
Eunuco: – Eu creio que Jesus é o filho de Deus.
No mesmo instante a carruagem parou, os dois desceram e foi realizado o batismo. Quando saíram da água, não deu nem tempo para despedidas, pois Filipe desapareceu. O eunuco continuou sua viagem, testemunhou de Cristo para os seus compatriotas e muitos também creram. Enquanto que Filipe, após o batismo, foi levado pelo Espírito Santo para Asdode e Cesaréia, e pregou o evangelho em todas as cidades que passou. (Atos 8)
MAIS APLICAÇÕES
Mesmo com a perseguição Filipe ensinou sobre Jesus porque ele entendeu que a missão dada por Cristo é para todos. Jesus disse: “Ide! Vão! façam discípulos de todas as nações, confirmando a fé deles pelo batismo e ensinando a guardar tudo o que eu ensinei. E tenham certeza que estarei com vocês todos os dias até o fim” (Mateus 28.19,20) e “Vão e preguem o evangelho a toda a criatura. Em meu nome expulsarão demônios, falarão novos idiomas, curarão os enfermos e nada lhes fará mal” (Marcos 16.15).
O Senhor deixou a missão para todos que fazem parte da Sua Igreja. Você crê que Jesus é o filho de Deus, que ressuscitou dos mortos e que é seu Senhor e Salvador? Você confessa isto publicamente e crê de todo coração? Você é salvo pela graça de Deus e possui esta missão de pregar o arrependimento para perdão dos pecados (Lucas 24.47). Não devemos esconder que somos cristãos, mas deixar a glória do Senhor refletir em nós em todos os momentos.
CONCLUINDO A HISTÓRIA
Passando por muitos lugares, Filipe escolheu Cesaréia para morar. Foi lá onde ele constituiu família e teve quatro filhas que se tornaram profetizas e pregadoras das boas novas de Jesus assim como o pai (Atos 21.8,9). Isto mostra que uma vida cheia de fé e do Espírito Santo, entendendo e cumprindo a missão em obediência a Cristo, deixa um legado para outras pessoas, principalmente para os filhos.
“Ensine a criança no caminho em que deve andar, e ainda quando for velho não se desviará dele.” (Provérbios 22.6) não é uma promessa, pois, infelizmente, muitos filhos não seguem o exemplo piedoso e fiel a Cristo dos pais, mas é uma instrução para os pais ensinarem os filhos a criarem hábitos para toda a vida.
Não podemos esperar que nossos filhos sigam a Jesus, se nós não o seguimos fielmente. Devemos ensinar as crianças por meio do nosso exemplo a amarem a Deus com todo coração, alma, força e entendimento e às pessoas como a si mesmo (Marcos 12.30,31), na esperança de que elas permanecerão no bom caminho.
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