PAIS E FILHOS

por João Marcos Bezerra

Não sou e nunca fui fã da banda Legião Urbana, mas a música ‘Pais e Filhos’ reflete os problemas sociais causados pela crise na relação entre pais e filhos. Atualmente, as famílias disfuncionais são comuns e homens e mulheres com problemas emocionais causados por isso são mais ainda. Como consequência disto, vemos uma sociedade extremamente destruída por esses conflitos nesta estrutura social primária.
Quem não se lembra de casos como Suzane Richthofen e Gil Rugai, que mataram seus pais? E também quem se esqueceu da Isabella Nardoni, jogada pelo pai e a madrasta pela varanda do apartamento? Além desse, tem um caso mais recente de um pai, Justin Harris, que esqueceu o filho no carro por 7h propositadamente, segundo as investigações. Fora os casos menos conhecidos que são veiculados nos jornais e aqueles que nem são conhecidos pela mídia. Esta é a sociedade em que estamos inseridos.
Na verdade os conflitos familiares são bem antigos. Na Bíblia vemos alguns desvios de conduta dos pais e filhos, falta de obediência e honra aos pais e negligências paternas. Por isso, em Efésios 6.1-4 o apóstolo Paulo escreve a seguinte recomendação:

Filhos, obedeçam a seus pais no Senhor, pois isso é justo. "Honra teu pai e tua mãe", este é o primeiro mandamento com promessa: "para que tudo te corra bem e tenhas longa vida sobre a terra". Pais, não irritem seus filhos; antes criem-nos segundo a instrução e o conselho do Senhor.

A partir do capítulo 5 desta mesma carta paulina existe o propósito de orientar quanto a convivência familiar e profissional. No âmbito da família ele aborda a relação marido e mulher e pais e filhos. Este último será o foco do nosso texto no momento, entendendo que o caráter da pessoa, seja bem ou mal formado, está neste relacionamento paternal. (Para a relação marido e mulher, recomendo o texto Fusão).
O verso primeiro começa com “Filhos, obedeçam a seus pais no Senhor”, que também é a recomendação ao colossenses: “Filhos, obedeçam a seus pais em tudo, pois isso agrada ao Senhor” (v.20). Alguns dos argumentos usados para a desobediência é: “meu pai não sabe de nada”, ou “não gosto dos meus pais”. Nós não escolhemos nossos pais e assim como há um propósito para as nossas vidas, há um propósito para sermos filhos dos nossos pais. Desta forma, nós também não temos a escolha de obedecer ou não. Em nenhum verso da Bíblia nos dá esta opção. É necessário obediência porque eles são responsáveis por nós diante de Deus.
Depois o segundo verso fala “Honra teu pai e tua mãe”. Devemos honrar os nossos pais. Mas, o que é honra?! Li certa que vez (não lembro a autoria) que honramos os nossos pais quando mostramos quem eles são através dos nossos bons atos. Quantos pais já foram congratulados pelo bom comportamento dos filhos? E quais filhos ouviram elogios aos seus pais pelo bom comportamento também? Isto é muito gratificante dos dois lados, como pai e como filho. Então, a nossa boa conduta deve ser o principal mecanismo de honra aos nossos pais. Até mesmo porque este mandamento é o primeiro mandamento com uma promessa específica para que o cumpre.
“Para que tudo te corra bem e tenhas longa vida sobre a terra” é a promessa relembrada por Paulo. Por que Deus prolongaria a vida de alguém só por honrar aos pais? Na verdade não é simplesmente o Senhor tornar a vida longa, mas é o próprio bom comportamento preservar a vida. Como assim?! Levantemos a seguinte hipótese: o filho deseja muito sair com os amigos da faculdade, mas o responsável descobre que a turma do filho costuma dirigir embriagado, apesar deste não beber. Então, o pai conversa com o descendente ou simplesmente o proíbe de sair e filho obedece. No dia seguinte descobre que os amigos sofreram um acidente grave com mortos e feridos. A vida do filho foi preservada?! Como ele estaria se estivesse desobedecido o pai? Nisto o filho que obedece e honra aos pais tem uma vida prolongada.
Entretanto, as orientações do apóstolo não ficam só para os filhos. No verso quatro lemos: “Pais, não irritem seus filhos”. O que irritar? Segundo a definição do Babylon é “tornar colérico”, ou seja, provocar no indivíduo um impulso violento contra o ofensor. Isto é o que provoca a vontade de matar o pai porque este proíbe um relacionamento ou não lhe dá a parte devida da herança antes que o progenitor morra. Acredito que isto está numa criação onde os pais desviam o caráter do filho para o mal. Por isso, Paulo termina o verso escrevendo: “antes criem-nos segundo a instrução e o conselho do Senhor”. Desta forma, os nossos filhos nunca se afastarão por nossa influência do caminho certo e poderemos chegar tranquilos diante de Deus porque fizemos um bom trabalho como pais.
Por fim, para que coloquemos um fim na guerra entre pais e filhos e, consequentemente, na crise social, precisamos colocar em prática a obediência e honra aos nossos pais e como responsáveis por nossos descentes educa-los no caminho em que deve andar, para que até quando os anos passarem não se desvie dele (Provérbios 22:6). Façamos isso e vejamos o Evangelho de Cristo ser transmitido pelo nosso testemunho e da nossa família.

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