JUÍZES: UMA VISÃO GERAL

Por João Marcos Bezerra
jmarcoscb@gmail.com
(Baseado na revista Atitude – JUERP, Análises da Bíblia Shedd e Manual Bíblico Halley)

Suscitou o Senhor juízes, que os livraram da mão dos que os pilharam.
(Jz 2.16)

O livro de Juízes é o segundo do grupo de livros históricos e sétimo da Bíblia. Tem o seu contexto voltado para um dos períodos mais sombrios da história do povo de Israel.
Depois de Moisés, que guiou o povo por 40 anos no deserto, e Josué, que os liderou na conquista da Terra Prometida, surge um momento em que não há liderança central constituída. Deus iria governar diretamente. Esse sistema é denominado de Teocracia.
Logo após a morte de Josué, os filhos de Israel passaram a fazer “o que era mau perante o Senhor” (3.7a) e a sofrer opressão dos inimigos, sofrendo as conseqüências do seu pecado. Como Deus é misericordioso, quando o povo o buscava se levantavam libertadores, dentre eles:
• Otniel (1.11-15; 3.7-11): Era da tribo de Judá e sobrinho e genro de Calebe. Derrotou os mesopotâmios liderados por Cusã-Risataim. Julgou o povo por 40 anos.
• Eúde (3.15-30): Homem canhoto originário de Benjamim. Matou a Eglom, rei dos moabitas, e os derrotou. Julgou por 80 anos.
• Sangar (3.31): Feriu 600 filisteus usando uma vara com ponta que serve para guiar bois (aguilhada). Pouco se sabe dele.
• Débora e Baraque (4,5):
Débora era de Efraim, profetisa e mulher de Lapidote. Muito respeitada, era procurada por seus irmãos vindo de várias tribos. Julgou por 40 anos.
Baraque era de Naftali. Foi convocado por Débora para guerrear por Israel e libertá-los dos cananeus.
• Gideão (6.11-8.35): Era da tribo de Manassés. Libertou os filhos de Israel das mãos dos midianitas com apenas 300 homens (cap. 7). Após sua morte, tendo julgado a Israel por 40 anos, seu filho Abimeleque mata seus irmãos e se declara rei (cap. 9).
• Tola e Jair (10.1-5): Pouco se sabe deles, apenas que Tola era de Issacar e julgou por 23 anos e que Jair era de Gileade, Manassés Oriental, e julgou por 22 anos. Não há registro de quem eles libertaram os israelitas.
• Jefté (11.1-12.7): Foi escolhido pelos príncipes de Gileade para libertar o povo dos amonitas, pois Deus havia dito que não os livraria mais (10.6-18). Porém, Deus abençoou a Jefté.
Este juiz liderou o povo por 6 anos. Antes disso era chefe de um bando de malfeitores, assim como Davi (I Sm 22.2). A sua história é marcada por fracassos, como: o voto estúpido que o fez sacrificar a sua única filha, ficando sem herdeiros; e a matança dos 42 mil efraimitas.
• Ibsã, Elom e Abdom (12.8-15): Também pouco é conhecido destes. Julgaram durante 7, 10 e 8 anos, respectivamente. Além disso, Ibsã e Abdom possuíam certa posição social, devido o registro sobre suas famílias.
• Sansão (13-16): É o mais famoso dos juízes. Porém, ele está mais enquadrado numa perspectiva de herói do que de juiz, pois lutou sozinho contra os filisteus durante os seus 20 anos de juizado. Antes da sua concepção foi escolhido por Deus como libertador de Israel e dedicado como nazireu (ver Nm 6.1-21). Ele era da tribo de Dã.

Lições Extraídas:
Neste livro é possível obter várias lições embasadas no seu contexto e que levam a outras referências na Bíblia, sendo complementadas nos ensinos de Cristo e nas epístolas. Entretanto, só serão apresentadas duas lições importantes abaixo, as demais devem ser obtidas através da leitura completa do conto deste período.


1) Deus houve o clamor do Seu povo:
Apesar de se prostituírem, quando o povo clamava por socorro ao Senhor, Ele levantava um libertador (3.9,15; 4.3-6; 6.7-14). Considerando Jefté e Sansão como exceções, observa-se que o gileadita foi abençoado e usado por Deus (11.9-11) e que o grande herói foi enviado antes que o povo clamasse (cap. 13).
Também se vê que o próprio Sansão quando estava quase morrendo de sede clamou e foi lhe dado de beber (15.18,19), e quando não tinha mais força clamou por um último momento de força e foi atendido (16.28-30).

2) A ignorância da lei e sua negligência levam ao pecado e suas conseqüências
2.1) O voto precipitado de Jefté (11.29-40):
• Deus abomina o sacrifício humano (Lv 20.2-5; Dt 12.31; 18.10);
• Não se deve fazer votos usando terceiros (Mt 5.33-37);
• Não é necessário fazer voto ao Senhor, pois Ele dá tudo o que é necessário (Mt 6.33, Tg 1.5);
• Deus aprecia a dedicação de uma vida inteiramente consagrada a Ele (Rm 12.1);
• Como conseqüência: ficou sem descendência.
2.2) O envolvimento de Sansão com 3 mulheres filisteias (14; 16.1,4-22):
• Deus recomendou que o povo não se envolvesse com os moradores de Canaã, pois cairiam na idolatria (Ex 34.13-16; Dt 7.1-4);
• Não há comunhão entre Deus e o mundo (Dt 22.9-11; II Co 6.14-7-1);
• Como conseqüência: foi traído e entregue aos seus inimigos.
2.3) Sansão descumpriu a lei do nazireado (14.5-9; 16.16-21):
• Deus orientou como proceder com o nazireado, mas Sansão se aproximou de um cadáver de leão e comeu do mel que as abelhas produziam nele e também permitiu que lhe raspassem a cabeça;
• Como conseqüência perdeu a sua força por ter quebrado sua comunhão com Deus.

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