RELIGIÃO NÃO!
2º TEXTO DA
SÉRIE O “EVANGELHO” DE PAULO – ROMANOS
RELIGIÃO NÃO!
por
João Marcos Bezerra - jmarcoscb@gmail.com
Texto
base: Romanos 2.17-24
Pois ninguém é
aceito por Deus por fazer o que a lei manda, porque a lei faz com que as
pessoas saibam que são pecadoras. (Romanos
3.20)
Gosto de tratar o livro de
Romanos como o evangelho segundo o apóstolo Paulo porque ele apresenta à Igreja
em Roma o Cristo a quem ele prega, com já havia falado. Isso acontece devido ao
apóstolo não conhecer esta comunidade e ainda sofrer uma forte difamação por
parte de judaizantes (judeus convertidos ao cristianismo que defendiam que os
gentios deveriam cumprir todos os ritos da lei judaica). Então, ele sentia a
necessidade de enviar uma carta esclarecendo qual a mensagem pregada por ele
antes de visitar os irmãos.
No primeiro capítulo Paulo
apresenta Jesus, o poder do evangelho e a culpa da humanidade. Esta, por sua
vez, vive na completa depravação desde que o homem desobedeceu a Deus no Jardim
do Éden e vive “abandonada” para viver segundo os desejos do próprio coração,
mas o Senhor nos aceita por meio da fé. “Como está escrito: ‘O justo viverá
pela fé’” (v.17). Desta forma, é completamente compreensível e aceitável cantar
a música “Renova-me”: “Porque tudo o que há dentro de mim necessita ser mudado,
Senhor. Porque tudo o que há dentro do meu coração necessita mais de Ti”.
Já o segundo capítulo
informa que aquele que julga os outros e tem a mesma prática que condenou nos
outros não escapará do juízo de Deus porque tomou a postura de juiz, “Deus
retribuirá a cada um conforme o seu procedimento… Haverá tribulação e angústia
para todo ser humano que pratica o mal: primeiro para o judeu, depois para o
grego; mas glória, honra e paz para todo o que pratica o bem: primeiro para o
judeu, depois para o grego” (vs.6,9,10). Logo em seguida, ainda no capítulo 02,
o apóstolo declara a necessidade da obediência à lei para ser declarado justo.
Não que a lei salve alguém por si só, mas essa colocação dele serve como
introdução ao nosso texto base.
Os judeus se achavam
superiores aos gentios porque eles eram o povo escolhido de Deus e tinham a lei
ao seu lado. Todavia, Paulo adverte que não é bem assim. Por eles levarem o
nome de judeu, apoiarem-se na lei e ensinarem esta aos outros, deveriam ser os
primeiros a cumprirem o que ela diz: não furtar, não adulterar, não roubar os
templos dos ídolos, mas honrar a Deus e obedecer a lei. Por causa disso, os
gentios falavam mal de Deus (v.24).
Nisso podemos ver uma
similaridade com a igreja de hoje. Afirmamos que amamos a Deus, que temos a Sua
Palavra, que sabemos qual o caminho a seguir, ensinamos aos outros e,
infelizmente, condenamos aqueles que não vivem a Palavra, mas também não
vivemos o que a Bíblia ensina. Somos semelhantes aos judeus da carta aos
Romanos. Por este motivo, muitos não cristãos falam mal de Deus, blasfemam
contra o Senhor. Que exemplo nós damos como igreja ao mundo?
Na verdade, em alguns casos,
achamos que, por estarmos na igreja, somos melhores do que os que estão lá
fora. Ainda, quando passamos a conhecer mais a Palavra, achamos que somos
melhores do que alguns irmãos e, muitas vezes, tomamos a posição de juiz.
Esquecemos que “não há uma só pessoa que faça o que é certo” ou, em outras
versões, “não há nenhum justo, nem um sequer” (3.10). Nós, sem Cristo, somos
tão culpados pelo pecado do que aquele que não tem o Senhor. Não adianta achar
que obedecendo a lei, seremos declarados justos. Até mesmo porque nunca
conseguiremos cumprir a lei completamente, pois esta serve para declarar que
somos pecadores (3.20) e necessitamos de algo mais para sermos justificados.
É importante ressaltar que
não estou aqui condenando completamente o julgamento porque precisamos julgar o
que é certo e o que errado para exortar, instruir e orientar as pessoas no
caminho que devem seguir. Estou dizendo que precisamos cuidar para não cometer
o mesmo erro do outro quando formos exorta-lo, instrui-lo e orienta-lo e que
sem Cristo somos tão culpados que qualquer outra pessoa sem Ele.
Então, retomando para
concluir, a nossa salvação, não vem por meio de cumprimento de rituais, da obediência
a lei, da frequência na igreja ou religião, da adoração extravagante, do culto
com “sapatinho de fogo”, do reteté, do lenço ungido, da unção com azeite espremido
da Bíblia ou por se declarar cristão. Ela vem por meio da fé em Jesus Cristo:
Mas agora se
manifestou uma justiça que provém de Deus, independente da lei, da qual
testemunham a Lei e os Profetas, justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo
para todos os que creem. Não há distinção, pois todos pecaram e estão
destituídos da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente por sua graça,
por meio da redenção que há em Cristo Jesus. (3.21-24)
Com isso, aprendemos que
devemos entender que a pratica religiosa não é nada se não cumprimos a lei, ou
seja, o judeu não era judeu se não cumprisse a lei; aprendemos que é necessário
tirar a trave do nosso olho para enxergar melhor para tirar o cisco do olho do
outro (Mt 7.3-5); aprendemos que a lei serve para mostrar que somos tão
culpados pela transgressão a lei do que qualquer pessoa, ou seja, a lei mostra
que somos pecadores porque não conseguimos cumpri-la completamente; e,
aprendemos também que só seremos salvos mediante a fé em Jesus Cristo. Sem esta
fé as nossas ações serão inúteis para alcançar a tão sonhada vida eterna. Deus
abençoe!
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