É RICO?! LASCOU-SE! OU NÃO!
por
João Marcos Bezerra – jmarcoscb@gmail.com
Baseado no Estudo 8 “O Buraco da Agulha” do livro “Joias do Novo Testamento Grego” de Kenneth Wuest
Txt base: Lc 18.18-27
Baseado no Estudo 8 “O Buraco da Agulha” do livro “Joias do Novo Testamento Grego” de Kenneth Wuest
Txt base: Lc 18.18-27
De fato, é mais
fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino
de Deus. (Lc 18.25 NVI)
Muitos já ouviram a história
do ‘Jovem Rico’, que queria saber como “herdar a vida eterna” (Mt 19.16-22). No
Evangelho de Lucas este jovem é chamado de homem importante, em algumas versões
de príncipe. Em ambas as leituras, Jesus pergunta ao jovem se este conhecia os
mandamentos. O homem confirma não só o conhecimento, mas a obediência deles.
Todavia, Jesus pede a ele para vender todas as suas posses e dar aos pobres
para poder seguir o Mestre. Não vamos falar das lições deste trecho bíblico porque
já tratei sobre isso no texto “Como Herdar a Vida Eterna?”. O foco no momento
será outro.
Por causa do amor ao
dinheiro (1Tm 6.10) o homem importante deixou de seguir a Jesus. A riqueza que
o jovem tinha não permitiu a este herdar a vida eterna. Daí, o Mestre diz: “é
mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no
Reino de Deus”. Este será o foco aqui, pois o texto tinha o objetivo de ensinar
que é difícil alguém que ama a riqueza mais do que a Deus servir a e viver com
Ele (Mt 6.24).
“Ao falar sobre a
impossibilidade desse tipo de pessoas entrarem no reino de Deus, Jesus empregou
a ilustração que é a impossibilidade de um camelo passar pelo buraco de uma
agulha” (WUEST). Alguns estudiosos tentaram materializar esse buraco de agulha
nas muralhas de alguma cidade, como sendo uma fresta ou portinhola onde um
camelo tinha muita dificuldade de passar. Alguns falam dos muros de Jerusalém. Outros,
que essa pequena abertura existia nas muralhas de algumas cidades antigas, mas
não específica em qual. Só que não encontrei nenhum registro histórico da
existência disto.
Quando olhamos para as palavras
gregas utilizadas nas 03 referências bíblicas sobre o acontecido (Mt 19.24, Mc
10.25 e Lc 18.25), elas significam realmente ‘buraco’ (trumalia e trupema) –
“pequena abertura artificial, ordinariamente de forma arredondada, furo”
(BABYLON); e ‘agulha’ (rhapis) –
“hastezinha fina de aço, aguçada numa das extremidades, e com um orifício na
outra, por onde se enfia linha, fio, lã, cadarço, barbante, etc., para coser,
bordar ou tecer” (BABYLON). Então, o texto realmente está falando do buraco da
agulha. Em Mateus e Marcos há uma referência a um instrumento de costura. Já em
Lucas, que era médico, trata como um instrumento de operação cirúrgica. Mas por
que Jesus usa esta expressão do camelo e da agulha?
Na cultura hebraica existe
uma série de livros que registram a tradição oral do judaísmo, chamados de Talmude.
Este “fala por duas vezes de um elefante para o qual é impossível passar pelo
buraco de uma agulha” (WUEST). Isto quer dizer que Jesus usou um ditado popular
da época para expressar a impossibilidade de um rico ganhar a vida eterna. Seria
como se disséssemos que algo impossível era necessário acontecer para se
conseguir alguma coisa, como exemplo: “É mais fácil o sertão virar mar do que o
time de futebol do Ceará ser campeão brasileiro da série B ou o do Fortaleza
sair da série C”, ou seja, é impossível (hahaha – brincadeira). Daí surge uma
pergunta: “Então, um rico não pode ir para o céu?”.
Quando lemos o verso 25 de
Lucas capítulo 18 temos a mesma reação dos discípulos de Jesus - “Então, quem
pode ser salvo?” (v26), ou pensamos “Graças a Deus sou pobre!”, ou ainda “Que
pena! Queria tanto ser rico, mas é melhor fica do jeito que está!”. Mas será realmente
que os ricos não irão para a eternidade com Cristo? O texto realmente queria
dizer isto, mas existem dois princípios importantes a serem percebidos.
Como sabemos, Jesus é o
próprio Deus (Jo 1.1) e Deus é onisciente (Sl 139.4). Daí, temos a certeza que
o Senhor conhecia o coração do jovem rico e que este estava muito apegado à
riqueza que tinha. Assim não dava para seguir a Cristo. Desse jeito, estão
muitas pessoas que tem o dinheiro como a solução para os seus problemas,
depositando a sua fé na riqueza. “Se um dia eu for rico, meus problemas
acabarão porque vou comprar isso, viajar pra tal canto e morar em tal lugar” –
assim tantos “lisos” pensam e falam. Estes dificilmente deixariam esta “fé” na
riqueza para seguir a Jesus. Com isso, o primeiro princípio é que as pessoas só
podem seguir ao Senhor quando abandonam qualquer coisa em que confiem mais.
Seguindo a mesma ideia de
que Jesus é o próprio Deus (Jo 1.1), Ele é o Deus do impossível (Lc 18.27). O
termo grego em Lucas 18.27, adunatos,
refere-se a “impotente, fraco, sem poder, incapaz de ser feito, impossível”
(STRONG) e significa que aquilo que o homem é incapaz de fazer, Deus é capaz,
forte, poderoso e potente para realizar. Mesmo que para o homem seja impossível
levar um rico a seguir a Cristo, o Espírito Santo de Deus pode (Jo 16.8). E
isto ocorreu quando Zaqueu, que era um homem rico, deu metade dos seus bens aos
pobres e restituiu o quádruplo a quem ele roubou, continuou com alguma riqueza
porque deu somente a metade, e foi salvo (Lc 19.8-10).
Com isso, no texto do jovem rico, Jesus usa uma
expressão popular de sua época para dizer, não só que é difícil um rico entrar
no reino de Deus, mas que para o Senhor nada é impossível, inclusive Ele pode
converter o mais duro coração; pode quebrantar o mais apegado à coisas e à
pessoas e transformar num seguidor de Cristo fiel. Então, não tem essa de que
precisa ser pobre ou rico para ir morar na Glória com Deus, precisa sim
entregar a vida de forma completa a Ele e deixar que Ele tome o controle para
transformar e guiar a sua vida. Se você ainda não tomou essa decisão, faça isso
antes do fim, em nome de Jesus. Amém!
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