DISCÍPULO RADICAL - EQUILÍBRIO
Baseado
no livro ‘O Discípulo Radical’ de John Stott
EQUILÍBRIO
4º
Estudo da Série
Texto
base: 1Pe 2.1-17
No
estudo sobre ser Discípulo Radical começamos com a necessidade de uma
transformação profunda, de dentro para fora, como na metamorfose de Jesus
durante a Sua transfiguração. Depois tratamos que Deus nos criou para sermos
semelhantes a Cristo e que por meio do Seu Santo Espírito nos torna semelhante
a Ele – mesmo que de forma limitada. E, por último, aprendemos que necessitamos
de um relacionamento íntimo com o Senhor para chegarmos a maturidade,
perfeição. Com isso, caminhamos para nosso quarto momento onde aprenderemos
sobre Equilíbrio. Nisso, precisamos iniciar refletindo sobre quem somos.
Quem
você é? Eu sou João Marcos, filho de João Bezerra (pastor) e Marizinha, criado
em lar cristão desde o nascimento, tive uma boa educação por parte dos meus
pais, principalmente minha mãe, estudei em boas escolas, converti-me aos
dezesseis anos, mas sempre trabalhei e cresci na igreja, vendo o exemplo dos
meus pais e meus irmãos. Desde então, sirvo ao Senhor de forma consciente da
minha filiação divina e com a certeza da minha salvação.
Se
em todos os momentos da vida eu me lembrasse de onde vim e quem eu sou,
provavelmente não me comportaria de forma inadequada, principalmente após a
minha conversão. Porque, se na hora de indisciplina, recordasse que sou filho
de Deus, filho do Rei dos reis e Senhor dos senhores, não faria nada
inapropriado a minha filiação. É nesse ponto que convido a todos a meditarmos
sobre o equilíbrio necessário a vida cristã, para sermos Discípulos Radicais,
marcantes em nossa geração.
No
texto de 1Pedro 2.1-17 o apóstolo Pedro nos representa em diversas fases e
situações para entender quem somos e como devemos manter a harmonia nisto. No
verso 2 ele nos compara a um bebê recém-nascido: “Como criancinhas
recém-nascidas, desejem de coração o leite espiritual puro, para que por meio
dele cresçam para a salvação” (NVI). Com isto, ele nos recorda de que é
necessário nascer de novo para que haja “uma mudança profunda, interior e
radical, realizada pelo Espírito Santo em nossa personalidade humana, que nos
concede um novo coração e uma nova vida e nos faz uma nova criatura” (STOT,
p.73).
É
importante lembrar que, quando nascemos de novo, passamos por um processo de
crescimento. Não nascemos com a maturidade necessária. O que nos deixa ainda
vulneráveis aos problemas e ataques do inimigo. O que fazer, então? Assim como
uma criança cresce mantendo uma alimentação saudável e regular, a nova criatura
em Cristo deve se alimentar do leite espiritual, da Palavra de Deus
regularmente (1.23-25).
“Também
vocês, como pedras vivas, sejam edificados como casa espiritual” (2.5) é o
segundo verso que traz mais uma representação do cristão. Somos pedras de
construção que gozam de vida real, ou seja, somos partes da construção da
Igreja de Deus. Só que as pedras precisam de fundação sobre a qual se levantam
e argamassa para se ligarem umas as outras, que é, nada mais, nada menos, Jesus
Cristo. Por isso, o verso 4 diz “à medida que se aproximem dele, a pedra viva”,
pois é Nele que eliminamos o velho homem; é Nele que amamos o próximo e
respeitamos as diferenças; é Nele que nos tornamos uma unidade, uma comunidade;
e, é Nele que fundamentamos o que cremos.
É
neste templo espiritual que nos tornamos sacerdócio santo e real (vs.5,9), que
é a nossa terceira figura como pessoas em Cristo. O termo grego neste texto, hierateuma, quer dizer aquele que tem o ofício de um sacerdote (Bíblia Strong),
isto é, somos chamados para sermos sacerdotes. Com isso, possuímos o privilégio
de ter acesso direto a Deus e oferecer sacrifícios a Deus – só que a partir de
Jesus estes se tornaram espirituais e são oferecidos por meio da nossa
adoração.
Assim
como o sacerdote era um ofício exclusivo dos israelitas, os estrangeiros não
podiam se tornar um, somente quem faz parte do povo de Deus é que pode fazer
parte do sacerdócio santo e real. Então, mais uma figura a que somos comparados
pelo apóstolo Pedro é: “povo de propriedade exclusiva de Deus” (v.9). “Antes
vocês nem sequer eram povo, mas agora são povo de Deus” (v.10).
Mas
para que o Senhor nos escolheu? No AT o povo de Israel foi escolhido por Deus
para testemunhar diante das outras nações os feitos poderosos e muito mais
coisas do Senhor. A Igreja também é chamada para isso, pois somos “povo
exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas
para a sua maravilhosa luz” (v.9).
Embora
morando aqui neste mundo, não pertencemos a ele por sermos propriedade do
Senhor. Com isso, o verso 11 de 1Pedro 2 nos apresenta como estrangeiros. Quando
um forasteiro se instalava no meio dos hebreus, ele tinha alguns direitos limitados,
mas tinha, e também possuía deveres junto ao povo (a exemplo da participação da
Páscoa em Êxodo 12.48,49). Por isso, a mensagem de Pedro ao nos colocar como alguém
que vem de um país estrangeiro para este mundo significa que não somos daqui,
mas possuindo direitos e deveres tanto na pátria celestial como aqui na terra.
Por
último, o apóstolo nos compara a servos nos versos 12 à 17.
Ele
incentiva os leitores a viver de tal forma entre os pagãos que eles possam ver
suas boas obras, a submeter-se às autoridades seculares, a fazer o bem e assim
calar a voz ignorante dos tolos, a viver como povo livre, sem fazer mau uso da
liberdade, mas vivendo como servos de Deus, e a mostrar respeito para com
todos: os irmãos na fé, Deus e as autoridades. (STOT, p. 81,82)
Diante
disto, como cidadãos dos céus devemos cumprir os mandamentos e ordenanças do
Senhor que é a Bíblia. E, como cidadãos no mundo, devemos ser cumpridores de
nossas obrigações com humildade e responsabilidade para darmos bons exemplos
como filhos de Deus.
Ok!
Mas o tema não é sobre equilíbrio? Onde está o equilíbrio nisso tudo?
Justamente está em conciliar estas seis figuras ou situações em que estamos
inseridos de forma harmoniosa em nossas vidas. Stot, p. 83, escreve o seguinte
sobre isso:
Como
crianças recém-nascidas, somos chamados a crescer; como pedras vivas, somos
chamados à comunhão; como sacerdotes santos, somos chamados à adoração; como
povo de propriedade de Deus, somos chamados ao testemunho; como estrangeiros e
peregrinos, somos chamados à santidade; como servos de Deus, somos chamados à
cidadania.
As
metáforas de Pedro nos leva a aprender que o crescimento vem com o estudo da
Palavra por meio do discipulado; que, como igreja, devemos viver em comunhão,
respeitando as diferenças; que a adoração deve ser a nossa vida; que o testemunho
deve ser nosso ato contínuo, lembrando sempre de quem somos filhos; que somos
cidadãos do céus e também do mundo. Com isso, é importante lembrar que todas as
vezes que estivermos diante de uma decisão ou prestes a falhar devemos trazer a
memória a nossa identidade como discípulo de Jesus. Lembrar quem somos nos
ajudará a falhar menos e viver em equilíbrio. Deus abençoe!!!
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