DISCÍPULO RADICAL - MATURIDADE
Baseado
no livro ‘O Discípulo Radical’ de John Stott
MATURIDADE
3º
Estudo da Série
Texto
base: Cl 1.28,29
No
censo do IBGE, realizado em 2010, provou algo que já era visível, mas que não se
tinha dados gerais concretos, o número de evangélicos no Brasil está crescendo
muito. Em 10 anos os evangélicos cresceram 61,45% com 42,3 milhões de adeptos
no ano citado. Todavia, é importante refletirmos se este crescimento mostra
também se a igreja brasileira está saudável, se há qualidade nos seus fiéis. O
que você acha?!
Diante
da atuação dos ditos cristãos evangélicos nos cenários político, social,
cultural, religioso etc. é possível ver o reflexo do nosso Senhor Jesus Cristo
na vida destes, como já estudamos sobre Semelhança com Cristo? Infelizmente, a
resposta é não. Por isso, repito as palavras de John Stot no nosso livro base,
vivemos um “crescimento sem profundidade”, ou seja, somos cristãos completamente
superficiais e, consequentemente, imaturos.
Entretanto,
isto não é um problema da igreja brasileira. A China, a Europa, a África e os
EUA também vivem esta situação de imaturidade. Também não é uma característica somente
da igreja contemporânea. O apóstolo Paulo (mais uma vez citamos ele) advertiu
os irmãos de Corinto sobre isto em 1Coríntios 3.1-3 porque eles pareciam
crianças espirituais e não adultos maduros.
Irmãos, não lhes pude falar
como a espirituais, mas como a carnais, como a crianças em Cristo. Dei-lhes
leite, e não alimento sólido, pois vocês não estavam em condições de recebê-lo.
De fato, vocês ainda não estão em condições, porque ainda são carnais. Porque,
visto que há inveja e divisão entre vocês, não estão sendo carnais e agindo
como mundanos?
Com
isso, algumas perguntas podem estar na cabeça, assim como já estiveram na minha
e me colocaram em vários momentos de reflexão sobre isso: Afinal de contas, o que
é maturidade? Como reconhecemos que uma pessoa é madura? No texto de 1Coríntios
citado acima, em Colossenses 3.5-11 e também Gálatas 5.19-21, vemos
características de imaturidade e as obras da carne e percebemos que tudo isso é
reflexo do velho homem em nossas vidas. O que nos torna carnais e não
espirituais.
“Ok!
Então podemos aprender que uma pessoa madura é que não age na carne”. Não
somente isso! Vejamos Cl 1.28,29, onde está escrito: “Ao qual anunciamos,
advertindo a todo homem, e ensinando a todo homem em toda sabedoria; para que
apresentemos a todo homem como perfeito, em Cristo Jesus. No qual eu também
trabalho, combatendo conforme o seu agir, que age em mim com poder”. Este texto
nos mostra o que é maturidade cristã e o que nos torna uma pessoa
espiritualmente madura.
Para
começar, uma pessoa madura é representada por Paulo como alguém perfeito. Esta
palavra, por sua vez, vem do grego teleios
e é definida também por aquele “que não carece de nada necessário para estar
completo”, ou seja, uma pessoa madura é alguém completo, perfeito. Mas não
basta isto por si só, só podemos ser completos “em Cristo”, que quer dizer que
é necessário “estar relacionado a Ele de forma pessoal, vital e orgânica” (John
Stot). Assim sendo, quanto mais forte for o relacionamento de alguém com Cristo
mais fácil será reconhecer a maturidade espiritual dela, pois ela será
semelhante a Jesus e, por isso, o mais completa possível.
Daí,
surge outro questionamento: como se tornar maduro? “Que pergunta mané, João,
você acabou de dizer! É estar em Cristo, ter um relacionamento forte com
Cristo”. Beleza! Mas como ter esse relacionamento forte? Primeiro, precisamos ter
uma visão clara de quem Ele é (revelação visível de Deus, cabeça da criação e
da Igreja – Cl 1.15-20, o caminho, a verdade, a vida e o único caminho ao Pai –
Jo 14.6, etc.). Para ter um relacionamento não é suficiente somente saber quem o
outro é. Para ser meu amigo não basta saber quem eu sou, precisa me conhecer de
forma mais profunda. Por isso, é necessário conhecer o máximo possível de
Cristo também. A Bíblia é a fonte autêntica deste conhecimento e a oração é o
meio de se aproximar mais ainda Dele e criar um laço de intimidade.
“Legal!
Mas isso não é para todo mundo, João!” – podem afirmar alguns, mas o texto que
lemos de Colossenses diz: “advertindo a TODO homem e ensinando a TODO homem… a
fim de que apresentemos TODO homem perfeito”. Isto é, a maturidade é para toda
a humanidade que está em Cristo. Esta cultura pseudocristã de que só alguns
chegam a maturidade espiritual é doutrina gnóstica (heresia defensora de que o
conhecimento é que leva salvação ao homem).
Os
gnósticos acreditavam que existiam duas categorias de cristãos: o rebanho comum
– unidos pela fé, e a elite (hoi teleioi)
que tinha o conhecimento especial. O apóstolo Paulo não só discorda desta
doutrina como usa a própria palavra dos gnósticos (teleio) para rogar aos irmãos que se apresentem perfeitos em Cristo
como ramos maduros ligados a videira (Jo 15). Não no conhecimento, sabedoria
humana, mas em Cristo.
Então,
podemos sintetizar tudo o que aprendemos sobre maturidade da seguinte forma:
ela é o abandono completo do velho homem, por meio de um relacionamento forte
com Jesus; sem a Bíblia e a oração não conseguiremos ter e/ou manter esta
relação; e, que todo homem e mulher cristãos são convocados a esta maturidade.
Daí, precisamos não só entender e aplicar esta verdade em nossas vidas, mas
precisamos ensinar aos nossos irmãos, assim como Paulo fez com a igreja em
Colossos (anunciando, advertindo e ensinando). Deus abençoe!
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