MORRI! E AGORA?!
por
João Marcos Bezerra
Este breve
estudo tem por objetivo apresentar algumas teorias sobre o Estado Intermediário
do salvo em Jesus Cristo e o ímpio de forma breve, buscando dar um mínimo de
conteúdo para tentar entender esta matéria. Não tenho o propósito de convencer
sobre aquilo que eu acredito ou o que a maioria dos cristãos defendem. Isso
porque esta doutrina não é essencial para a fé ou salvação. É importante, mas
não essencial, ou seja, não é condenatório a discordância de crença diferente.
Mas o que é
estado intermediário? Estado é a situação em que alguém ou coisa se acha num
determinado momento. Enquanto que Intermediário é o espaço ou espaço de tempo
entre dois extremos. Aqui faremos referência ao Estado Intermediário como a
situação em que alguém se encontra entre a morte e a eternidade. Daí, vamos
pensar na resposta a seguinte pergunta: Para onde nós vamos após a morte? Céu
ou inferno? Sono profundo? Está tudo acabado?
“Opa! Que história é essa de tudo acabado?” – você pode perguntar.
Somente na época de Jesus foi que os judeus começaram a popularizar “a ideia
que os mortos no “sheol” seriam
“ressuscitados para um juízo final””. Até então não havia um conceito sobre
ressurreição dos mortos bem elaborado e muito menos uma doutrina sobre o estado
intermediário³. Os profetas Daniel (12.2) e Isaías (26.19) e o livro de Jó
(19.25-27) são algumas das poucas referências no AT sobre algo do tipo: “Mas os
teus mortos viverão; seus corpos ressuscitarão. Vocês, que voltaram ao pó,
acordem e cantem de alegria. O teu orvalho é orvalho de luz; a terra dará à luz
os seus mortos.” (Is 26.19 NVI). Com
isso, podemos entender o tom de frustação de Salomão sobre a velhice e a morte
em Eclesiastes (leia Ec 9.5).
Depois de entender este primeiro tópico, vamos a teoria sobre o sono
profundo como estado intermediário. Este sono não pode ser confundido com a
expressão “dormir no Senhor” expressa na declaração doutrinaria da Convenção
Batista Brasileira. Na verdade, não tem nada a ver! O termo escrito neste
referido documento está no seguinte contexto: “Pela fé nos méritos do
sacrifício substitutivo de Cristo na cruz, a morte do crente deixa de ser
tragédia, pois ela o transporta para um estado de completa e constante
felicidade na presença de Deus. A esse estado de felicidade as Escrituras
chamam “dormir no Senhor”.” (item 18. Referências bíblicas no documento: Lc
16.19-31, 23.39-46, Hb 9.27), ou seja, a expressão é empregada para representar
a esperança de que ao morrer iremos gozar a eternidade com Deus e todas as
nossas mazelas serão deixadas para trás.
Alguns anglicanos, os Adventistas do Sétimo Dia e as Testemunhas de
Jeová acreditam que não haverá consciência da alma após a morte e muito menos
saberão quanto tempo passará até a ressurreição. Para eles, o tempo passará
imediatamente da morte para a ressurreição³. Em Sl 17.5 o salmista Davi fala:
“quando despertar ficarei satisfeito ao ver a tua semelhança” (NVI). Isto pode
dar a entender esta ideia de que ao morrer dormiremos até a hora devida. Além
de Davi, Paulo também dá margem para a teoria de que os mortos dormem enquanto
esperam o Dia da ressurreição (1Co 15.51-53, 1Ts 4.16). “Eis que eu lhes digo
um mistério: nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados, num
momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta. Pois a
trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis e nós seremos
transformados” (1Co 15.51,52 NVI).
Como esta teoria defende que durante o sono não haverá noção de tempo, ela não
elimina a próxima teoria.
O terceiro e último tópico sobre o estado intermediário que quero
abordar aqui traz a doutrina da ‘Antecipação de um estado final’, isto é,
quando o salvo morre vai para a presença de Deus e os ímpios sofrem tormento no
inferno enquanto esperam o julgamento final. As igrejas reformadas
(calvinistas) atestaram isto nos seguintes documentos: Catecismo de Heidelberg,
Confissão de Westminster e Segunda Confissão Helvética¹. A principal defesa
bíblica sobre o assunto estão nas palavras de Jesus em Lc 16.19-31 (Parábola do Rico e o Lázaro) e Lc 23.39-43 (Diálogo
dos três crucificados) quando declara que após a morte Lázaro foi levado ao
‘seio de Abraão’ e o rico estava em tormento no Hades (local escuro onde os mortos habitam, também conhecido como Sheol – profundezas – no AT), e também
que o ladrão arrependido estaria no paraíso ainda naquele mesmo dia em que
morreria².
É importante esclarecer que existe uma diferença entre este céu no
estado intermediário e o novo céu e a nova terra e entre o inferno e o lago de
fogo. No julgamento final, quando todos serão apresentados diante de Deus,
aqueles que se encontrarem no Livro da Vida receberão o direito de morarem com
o Senhor por toda eternidade; enquanto que aqueles que não estiverem no Livro
receberão a morte eterna no lago de fogo, onde a morte e o inferno também serão
lançados (Mt 25. 31-46, Ap 20.7-22.5). O céu e o inferno são expressões usadas
para o estado intermediário e não para um estado definitivo e eterno.
Por fim, declaro que podemos crer que existe um estado intermediário
entre a morte física e o Dia da ressurreição. Podemos acreditar que dormiremos
aguardando este Dia ou que, como salvos em Jesus Cristo, iremos direto para o
paraíso, enquanto que os ímpios vão ao inferno sem escala. Independentemente da
preferência teórica sobre o Estado Intermediário, é importante concluir que o
essencial a nossa fé e salvação está em ter Jesus como Senhor e Salvador
enquanto vive, porque isto é o que garante a vida eterna.
Fontes:
¹SETEB. Material de Estudo de Teologia Sistemática 5. 2ª Und. Mossoró/RN.
²TRINDADE, W. N. Apostila Doutrinária. Estudo 12.
Disponível em: http://consulsoldas.blogspot.com.br/.
³Wikipédia. Estado
Intermediário. Disponível no dia 30/mai/2015 em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Estado_intermedi%C3%A1rio.
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